domingo, 25 de março de 2007


fico impressionado com o que devo parecer ser. devo parecer ser fácil, ignóbil, pra consumo rápido. é muito engraçado mesmo porque não sou nada disso. nem eu mesmo me tenho e causo a impressão falsa nas pessoas de que poderiam me possuir. eu bem que gostaria de ser de alguém ou que alguém fosse meu, mas isso é o terreno das idéias impossíveis, no terreno da fantasia. não sou de ninguém e ninguém é meu. assim. fico muito impressionado em como isso não é claro, como existe um movimento de enganação de todos para todos, inclusive para o próprio dono da fantasia. percebem em mim, uma pernsona que não é, como se a minha máscara fosse mais falsa, ordinária, como se, olhando minha máscara, de tão vagabunda, não desse para perceber sequer o que ela quer demonstrar. fico pensando como pode ser se nem a máscara representa o que se imagina querer ser representado. minha máscara deve ser um jornal amassado, sem forma e eu acho que é de arlequim ou pierrô ou batmam. digo: ei! sou batmam! e as pessoas: batman? como? onde está o batmam? - a máscara não funciona, é ordinária demais.
isso seria engraçado se não fosse trágico. não mostro quem eu sou, coloco uma máscara e todo mundo ri porque, como na fábula, o rei está nú. (tenho que namorar a humilde servente da pensão onde almoço).
vejo agora nas mensagens não atendidas do meu celular que a Kal me ligou ontem dizendo que estava na lapa e que, portanto, poderíamos nos ver um pouco. Muito engraçado, virei atração turística ou melhor, uma fantasia de que moro no centro do agito e, portanto, seria uma companhia boa para quem vem à Lapa, seria o dono ou o cicerone da Lapa. Quá. afinal, rs, não se vai à roma sem ver o papa.
essas coisas ficam rodando na minha cabeça: porque tenho que ser visto, porque me embriago de manhã, porque sou importante off-agenda, porque escrevo tanta besteira, porque posso seduzir exatamente pela mediocridade, porque não sou paul auster, porque não tenho a sandra bullock, porque me desfiz do meu revólver, porque não me desespero porque o minuto pode ser o último, - num tempo, o minuto será meu último minuto (explicarei melhor), - porque eu chamo e respondo, porque atendo ao telefone, porque sou pai (ausente), porque, porque, porque....

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